A paixão pelo rigor que sempre distinguiu Balenciaga entre os seus pares
adquiriu-o ele nas oficinas de alfaiataria de San Sebastian, onde foi aprendiz,
como a Casa Gómez ou a New England. Aí adquiriu as competências que Chanel lhe
reconheceria: as artes do corte e da costura e até as de tirar medidas aos clientes, tarefa que o costureiro, mesmo no auge do
prestígio raramente delegava nos colaboradores. Em plena Iª Grande Guerra,
ousou abrir a sua própria casa (a que deu o nome da mãe, Eisa, com quem manteve
sempre uma ligação muito forte) no número 2 da Calle Vergara, em San Sebastian,
beneficiando um pouco da neutralidade da Espanha no conflito e das praias
bascas se tornarem, por causa disso, uma alternativa de férias para alguma
aristocracia europeia. O seu nome afirma-se. Entre as suas clientes, para além
das filhas da casa Torres, contam-se a Rainha de Espanha, Victoria Eugenia (avó
de Juan Carlos) ou a marquesa de Llanzol, Sonsolez Icasa (1914-1996), amante do
braço direito (e cunhado) de Franco, Serrano Suñer, e uma das mulheres mais bem
vestidas da Espanha do seu tempo.
Com a implantação da República espanhola em 1931, Balenciaga compreende que
os tempos de "vinho e rosas" de San Sebastian pertencem ao passado e
abre lojas em Madrid e Barcelona. Só a Guerra Civil e as suas terríveis
consequências o levarão a abandonar Espanha em 1937 e a fixar-se em Paris, que
era então a incontestada capital mundial da moda. Uma lenda acabava de nascer.


Balenciaga tinha então a reputação de ser o costureiro mais caro de Paris e mulheres como estas sabiam porquê.
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