
Se uma dama da Corte tinha a imprudência de
usar um vestido mais belo do que o da Rainha, era tão severamente admoestada
como se tivesse incorrido num incidente diplomático. Na verdade, elas sabiam
qual era o seu papel em matéria de guarda-roupa: complementar rica, mas
humildemente, o visual escolhido por Isabel. Nos últimos anos de vida dela,
era-lhes pedido que optassem por vestidos simples, de uma única cor, geralmente
branco ou prateado.
Ao que dizem a maior parte dos (muitos)
biógrafos, a paixão de Isabel pela moda teve as suas raízes na infância, quando
a sombra da execução da mãe e da sua alegada bastardia a afastou da maior parte
dos luxos a que, noutras circunstâncias, tinha acesso uma princesa de sangue
real (a tal ponto que uma das suas aias ousou enfrentar o cruel monarca,
pedindo-lhe que se condoesse da situação da menina). Este arremedo de
psicanálise não explica tudo.
Na verdade,
Isabel I, mais do que qualquer homem seu contemporâneo, era um animal político
e cedo percebeu que a majestade no
vestir é parte fundamental do espectáculo que a realeza tem de ser, antecipando
em várias décadas aquilo que o Rei-Sol, Luís XIV,faria na França do século XVII
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