quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Moda e Política - A identidade das Princesas





As vidas das verdadeiras princesas nunca se pareceram muito com os filmes da Disney. Embora nem todas acabassem com a cabeça no cepo como Maria Antonieta, evocada neste filme de Sofia Coppola, as suas vidas eram jogadas nas Chancelarias como peças num tabuleiro de xadrez. Quando uma princesa austríaca, mal acabada de sair da infância, se tornava Delfina de França esperava-se que ela deixasse para trás a sua identidade familiar e nacional para se tornar francesa. O mesmo era válido para espanholas, portuguesas, alemãs ou inglesas.
Tal transformação passava também pela Moda. Mesmo que nem todas fossem sujeitas a um ritual humilhante como o que aqui se vê, era esperado que a sujeição aos figurinos em voga na Corte a que chegavam fosse parte integrante da mudança de papel e, sobretudo, de lealdades. Quando a francesa Isabel de Valois se tornou na terceira mulher de Filipe II de Espanha (I de Portugal) rapidamente trocou os garridos trajes que trouxera de Paris pela austeridade de formas e cores que era apanágio dos Áustria ibéricos. O que parece ter desagradado bastante à sua própria mãe, Catarina de Médicis, que esperava fazer dela um instrumento dos interesses franceses na política de Filipe. Quando, após anos de separação, as duas se reencontraram, a Rainha de França não conseguiu disfarçar o desagrado pelo que via, dizendo a Isabel: "Vens muito espanhola!"

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