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A actriz Louise Brooks no filme Loulou, de G.W.Pabst (1929) |
A revolução na moda que acompanhou a mudança de costumes não se
iniciou nos anos 20. Começou a insinuar-se ao longo da década anterior, com o
aligeiramento da silhueta feminina a ser compensada pela riqueza dos tecidos.
Em Paris, nos anos imediatamente anteriores à Guerra, Paul Poiret libertara as
suas (ricas) clientes dos espartilhos para lhes propor formas inspiradas no que
ele pensava acontecer nos serralhos do Médio Oriente: calças e saias largas e
fluídas, casacos e peitilhos de vestidos ornamentados como tapeçarias sumptuosas.
Nos anos seguintes, outros criadores de sucesso trabalharão em prol de uma maior liberdade de movimentos para as mulheres. Será o caso de Jean Patou
(autor de todo um novo conceito de moda sportswear feminina, nomeadamente
para tenistas) mas sobretudo o de Coco
Chanel que, a partir da sua primeira loja na estância balnear de Deauville, no
final dos anos de 1910, iniciou uma revolução sem precedentes na História da
Moda feminina. Senhora de um determinação única, esta mulher, órfã de mãe e
abandonada, pelo pai, num lar de religiosas, tinha pouca consideração pelos
“bem-nascidos” e pelos sinais exteriores do seu poder. A silhueta das mulheres da Belle
Époque, com os seus chapéus monumentais e cinturas impossíveis, deixava-a
horrorizada. Chanel subiu as saias, introduziu as calças amplas, os casacos e
camisolas cardigãs, mais tarde o petite robe noire de cocktail. Esta aparente
simplicidade, a que os seus detractores chamavam “moda pobre”, era compensada
por uma profusão de acessórios desde os colares de pérolas, os alfinetes de
peito (nomeadamente as camélias brancas que se tornaram um símbolo de Chanel),
as luvas e os sapatos que, com as bainhas subidas, conheceram um novo destaque.
O importante era assegurar à mulher uma nova liberdade de movimentos quer na cidade, quer no campo ou na praia, cujos
encantos foram redescobertos também nesta época.
Mas se a maioria não tinha acesso a roupas de Chanel ou Jean Patou, nem por isso deixavam de seguir as tendências. Um pouco por todo o Ocidente, a imprensa destinada às mulheres passa a dar uma nova atenção à moda, publicando ilustrações ou fotografias dos modelos de Paris que as clientes, por sua vez, levavam às suas modistas. Algumas revistas passaram mesmo a incluir moldes que facilitavam a tarefa a profissionais e amadoras.
Ao alcance de todas parece estar o novo corte de cabelo, dito à garçonne ou à Joãozinho, como se lhe chamará em Portugal e no Brasil. Mal visto pelas habituais ligas da moral e dos bons costumes que não tardaram a invocar a perversa masculinização da mulher (a começar pelo autor do romance La Garçonne, Victor Marguerite, publicado em 1922), a tendência cresceu irresistivelmente, da China a Los Angeles, da Moscovo soviética ao sertão brasileiro. Unia capilarmente uma dactilógrafa ou uma professora primária a “estrelas” de cinema como Louise Brooks ou Clara Bow.
Mas se a maioria não tinha acesso a roupas de Chanel ou Jean Patou, nem por isso deixavam de seguir as tendências. Um pouco por todo o Ocidente, a imprensa destinada às mulheres passa a dar uma nova atenção à moda, publicando ilustrações ou fotografias dos modelos de Paris que as clientes, por sua vez, levavam às suas modistas. Algumas revistas passaram mesmo a incluir moldes que facilitavam a tarefa a profissionais e amadoras.
Ao alcance de todas parece estar o novo corte de cabelo, dito à garçonne ou à Joãozinho, como se lhe chamará em Portugal e no Brasil. Mal visto pelas habituais ligas da moral e dos bons costumes que não tardaram a invocar a perversa masculinização da mulher (a começar pelo autor do romance La Garçonne, Victor Marguerite, publicado em 1922), a tendência cresceu irresistivelmente, da China a Los Angeles, da Moscovo soviética ao sertão brasileiro. Unia capilarmente uma dactilógrafa ou uma professora primária a “estrelas” de cinema como Louise Brooks ou Clara Bow.
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